quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Política no cinema: Lula nas telas Lula, o Filho do Brasil estreia em ano eleitoral.



Em 2005 o presidente Lula assistiu a bordo de seu avião um DVD pirata de Dois Filhos de Francisco, o filme mais assistido no Brasil até hoje. Logo, o presidente pode ser alvo da mesma prática, quando o filme sobre sua vida, Lula, o Filho do Brasil, chegar aos cinemas, no mesmo ano em que tenta eleger Dilma Rousseff para a presidência.

Com um custo de R$ 16 milhões, a produção pretende quebrar o recorde anterior e se estabelecer como o filme mais assistido no país. Com esse objetivo em mente, o diretor Fábio Barreto vai empreender uma campanha inédita de marketing. Serão R$ 4 milhões para divulgar a história de Lula país afora. O valor é mais da metade do orçamento total de Dois Filhos de Francisco.

O filme conta a história de Lula desde seu nascimento até a morte de sua mãe, em 1980. Ou seja, o período não engloba a ascensão política do presidente, mas a sua vida e dramas pessoais como “homem do povo”. Estratégia semelhante foi utilizada pelo diretor Walter Salles em Diários de Motocicleta, que mostrou Che Guevara como um médico humanitário.

Política e cinema costumam se misturar. Ano passado o diretor Oliver Stone lançou o filme W., sobre o ex-presidente norte-americano George W. Bush, em clara estratégia para prejudicar a campanha dos republicanos à presidência. Michael Moore também tentou fazer o mesmo nas eleições de 2004, com Farenheit 9/11.

O professor de Marketing Político Gilson Caroni acredita que o filme de Barreto, apesar de emocionante, não é político. “O Lula tem uma trajetória fascinante, e já entrou para a história do Brasil. O filme não é político. Ninguém faz um filme sobre o Serra porque o telespectador ia cair no sono”, afirmou o professor.

A pré-candidata à presidência Dilma Rousseff deve estar presente para o lançamento do filme na sede da Força Sindical. Aliás, os sindicalistas que apresentarem carteira pagarão meia-entrada nos cinemas. Os que quiserem reservar lugar desde já podem comprar ingressos antecipados por R$ 5. O DVD também sairá mais barato, R$ 10, e numa data altamente política: o primeiro de maio, dia do trabalhador.

Lula, o Filho do Brasil será um filme itinerante. A população pobre do país vai receber o filme em suas cidades por meio de uma caravana. Desta vez o presidente não terá que recorrer à pirataria. Lula irá assistir à pré-estreia na cidade de Olinda, em Pernambuco. Recentemente foi movida representação no Tribunal Superior Eleitoral por uso eleitoral das viagens do presidente ao estado.

O professor de Marketing Ricardo Torregrosa acredita que o filme não deve favorecer a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência. Segundo Torregrosa, a transferência de votos só acontece se o candidato em si é capaz de passar confiança para o eleitor. “Se o candidato não tem luz própria, não adianta de nada. Se a Dilma não convencer o eleitor, não tem transferência de votos que salve”.

Se o poder de transferência de votos do presidente ainda não foi provado, os empresários — pelo menos — parecem confiantes na habilidade de Lula de produzir dinheiro. O orçamento recorde foi todo conseguido por meio de patrocínios.

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